quinta-feira, 29 de março de 2007

Speechless

Parece confirmar-se... este blog ficou mais pobre. Perdi o meu leitor número 1, sem qualquer desprezo pelos outros leitores que passam por este cantinho.
Não sei desde quando. Foi tudo muito rápido. Rápido demais para poder processar a informação na minha cabeça.
Passo a explicar...
Agosto 2006, penso que não me engano, começo a receber comentários frequentes no meu blog. Alguém que eu não conhecia. Alguém que não me conhecia, sem ser por me ler. Começamos a trocar impressões nos comentários do meu blog. Passámos a trocar mails, apenas e só por ser mais prático. Passámos a saber um pouco mais sobre cada um, mas nada que nos fizesse sentir invadidos. Brincámos. Fizemos confidencias um ao outro. Pela primeira vez na minha vida troquei numeros de telefone com alguém que “conhecia” da net. Sentia-me segura ao ponto de o fazer. Nunca nos vimos. Eu sabia que ele era casado e tinha um filho pequeno. Ele sabia que para mim isso seria impedimento para muita coisa. Preferimos manter as coisas como estavam para não estragar nada.
Depois de algum tempo sem nos falarmos mando-lhe um mail. Ele não me responde e eu estranho. Resolvo, ontem, a caminho da praia, mandar-lhe uma mensagem. Sabia que ele gostaria de estar ali. Pelo sítio. Sabia disso.
A mensagem que me sai naturalmente é algo na brincadeira perguntando se ele tinha mudado de planeta, era assim que funcionávamos.
Já estava na praia.
O meu telemóvel toca mas eu não conheço o número. Podia não ter atendido mas fi-lo sem pensar.
Uma mulher do outro lado. Pergunta-me se conheço o N. Digo-lhe que mais ou menos. Ela pergunta-me como conheço o marido dela. E quando achava que ela ia fazer uma “peixeirada” ao telefone só oiço do outro lado “é que o meu marido faleceu”.
Este telefonema não me vai sair tão cedo do pensamento.
Sentiamo-nos bem a falar um com o outro. Nunca quis que nos aproximassemos fisicamente porque sabia a situação familiar dele. Mas não me sai da cabeça o que a mulher dele sentiu ao ver a minha mensagem.

8 comentários:

Rita disse...

Speechless too....Quase não dá para acreditar!!! Bolas....A vida prega-nos cada uma....

LopesCa disse...

Pelo menos não ficaste na dúvida sobre o que lhe teria acontecido, quando as mensagens não tivessem retorno :(

Inês disse...

Caramba Tita.... Que história....
Isso será mesmo verdade? É completamente bizarro.... Se for verdade, lamento muito..

Tita disse...

inês, foi exactamente o primeiro pensamento que me passou pela cabeça... "Será mesmo verdade?"
Tanto que no dia que recebi o telefonema deixei aqui um comentário no post do desafio mental. Houve alguém que deu imensas dicas mas nunca assinou, apenas pôs que provavelmente eu até sabia quem ele era... Foi a primeira pessoa que me veio à cabeça, o N.
Não sei se era. Não sei quando isso aconteceu. Não tive coragem de perguntar nada à mulher dele.
Nada me faz crer que, infelizmente, não seja verdade.

teorias disse...

A vida prega-nos partidas... e mesmo que não seja verdade, não deixa de ser uma grande partida! Na "vida real" os laços que estabelecemos com as pessoas dão-nos a ilusão de uma estabilidade confortável. Na vida virtual os laços são ainda mais frágeis...
Não deixa de ser extremamente bizarra e desconfortável toda esta situação. Lamento o que quer que tenha acontecido...

bjs

Papoila disse...

E o telefonema ficou por aí?
Faleceu de quê? Faleceu mesmo?
Foi uma resposta propositada?
Se realmente aconteceu, é bizarro mesmo...e para a esposa, bem...sem palavras.

Patrícia disse...

bolas... :(
que cena!
é daquelas coisas que achamos que acontecem aos outros...
lamento muito...

Anónimo disse...

:(

Tenho muita pena.